Por Karina Trevizan, G1
23/10/2017 18h59
Paulo Rabello de Castro disse nesta segunda que o BNDES irá ‘passar a limpo o que precisa ser feito’.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, disse nesta segunda-feira (23), que as atuais “polêmicas” nas quais o banco está envolvido são “bem-vindas” para um momento de renovação.
As declarações foram feitas em um congresso do setor de celulose e papel, em São Paulo. “O BNDES precisa de boas práticas neste momento em que sua história vem sendo polemizada, e por ‘polemizadores’ que nem sempre estão bem informados”, disse.
Segundo Castro, “o momento é de reflexão” para o BNDES. “O banco vê essa polemização como bem-vinda. É tempo de renovar o BNDES, os nossos segmentos industriais, é tempo de renovar o nosso Brasil. Portanto, o BNDES diz ‘sim’ a essa polêmica, vamos passar a limpo o que precisa ser feito.”
Castro também defendeu a necessidade de um “ambiente verde para os negócios do Brasil”, e apontou como um dos elementos necessários para isso uma reestruturação tributária que “abandone o manicômio tributário que vivemos”.
Falando a jornalistas depois do evento, o presidente do BNDES afirmou que o banco de fomento não pretende adquirir ativos da Caixa Econômica Federal, como forma de ajudar o governo a injetar recursos no banco estatal.
Polêmicas do BNDES
Em sua fala nesta segunda-feira, Castro não mencionou nenhum caso específico envolvendo o BNDES. No entanto, o banco tem estado presente em algumas polêmicas.
Uma delas envolve a JBS. No mês passado, Castro defendeu o afastamento da família Batista do comando da empresa, em meio à prisão dos irmãos Wesley e Joesley Batista. O BNDES, por meio do seu braço de participações, o BNDESPar, é segundo maior acionista da JBS, com participação de 21,3%, atrás apenas da família Batista.)
O presidente do banco chegou a criticar a representante do BNDESPar no conselho, Claudia Silva de Azeredo Santos, por ter participado e votado na assembleia que elegeu como substituto de Wesley Batista, ex-presidente da empresa, seu pai, José Batista Sobrinho.
O investimento do BNDES na JBS é alvo de críticas e investigações. Na semana passada o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que o BNDES sofreu prejuízo de pelo menos R$ 304 milhões ao financiar uma operação de compra de frigoríficos nos Estados Unidos pela JBS, em 2008.
O BNDES também está no meio de uma negociação com o governo federal, que cobra a devolução antecipada de R$ 180 bilhões emprestados aos bancos. O governo diz que precisa do dinheiro para ajustar as contas públicas. Já o BNDES alega que não tem caixa para fazer a devolução nas condições solicitadas.
