Valor Econômico

20/11/2020

O Brasil está reagindo de forma bastante razoável aos efeitos da pandemia, segundo o ministro

O Brasil está reagindo de forma bastante razoável aos efeitos da pandemia e o país pode crescer até 4,5% em 2021, na visão do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Diziam que a economia ia cair 10%, vai cair menos de 5% [em 2020] e ano que vem vai crescer 3,5%”, disse ontem, ao participar do congresso da Abrapp, associação que representa os fundos de pensão.

“Fica evidente que algo importante foi feito nas políticas de manutenção de emprego”, disse o ministro. Segundo Guedes, do lado da demanda, o governo criou os programas emergenciais e do lado da oferta protegeu empregos. “Nós perdemos 550 mil empregos. Nessa altura do ano, pela recessão autoimposta pelo último governo, já tínhamos perdido 650 mil empregos”, comparou. E, segundo o ministro, com a geração de mais postos de trabalho, é possível que ao fim do ano a perda de postos caia para 300 mil.

Guedes também falou da redução das despesas com juros, que somam R$ 200 bilhões nos primeiros dois anos de governo. “Esperamos economizar R$ 100 bilhões neste ano e mais R$ 100 bilhões no outro. São R$ 400 bilhões em quatro anos de governo, isso é metade de uma reforma da Previdência”, disse.

O ministro mencionou que até o fim do ano serão injetados quase R$ 100 bilhões na economia. Quase 80% do total virá das medidas que o governo implementou para amenizar os efeitos da crise do coronavírus. Serão, segundo ele, R$ 50 bilhões referentes ao auxílio emergencial e R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Em 2021, ele disse que o avanço da economia também depende das reformas e reafirmou esse compromisso do governo. “Para que isso aconteça, contamos com Congresso reformista, que vai destravar investimentos, como está acontecendo”, afirmou.

De acordo com Guedes, o Brasil caminha rumo à economia de mercado. “Para nós o governo recomeça a cada dia. Vamos fazer a tributária, aprovar os marcos regulatórios, transformar a recuperação cíclica em sustentável.”

Somente a reforma administrativa pode trazer economias de R$ 450 bilhões, segundo ele. O ministro voltou a rechaçar o aumento de salários de servidores durante a pandemia. E, além disso, reafirmou que o aumento transitório de recursos para a saúde não pode ser pretexto para gastos permanentes.

Para Guedes, houve uma leitura equivocada sobre o resultado das eleições municipais de 2020. Em sua visão, a coalizão de centro-direita que foi vitoriosa em 2018 e ampliou agora sua participação nas prefeituras. “Há muitas narrativas políticas, dizem que o governo está sem eixo político. Minha hipótese de trabalho é que depois de 30 anos de centro-esquerda existe uma coalizão de centro-direita que venceu em 2018 e agora ampliou sua participação nas prefeituras”, afirmou. O ministro disse que não tem partido e que sempre fez questão de não se filiar. “Acho que um economista ou mesmo um empresário deve escolher o partido que o represente literalmente. E o Brasil nunca teve um partido liberal-democrata.”

Neste ano, o MDB continuou como o partido com mais prefeituras do Brasil, apesar de uma grande queda em relação ao que conseguiu em pleitos anteriores. O partido elegeu 773 prefeitos, ante 1.035 em 2012. O PSL, sigla usada por Bolsonaro para se eleger em 2018 mas da qual desembarcou no ano passado, avançou de 30 para 90 prefeituras entre 2016 e 2020. E o DEM passou de 266 para 459 municípios até agora. “Um importante partido mais à esquerda perdeu muitas prefeituras”, disse o ministro, sem citar diretamente o Partido dos Trabalhadores (PT), que passou de 254 para 179 prefeituras garantidas até o momento.