Isadora Teixeira – Metrópoles

10/01/2018 16:41           

Duas empresas se interessaram pelo pregão eletrônico, mas uma não apresentou documentos exigidos e a outra queria um valor maior

O pregão eletrônico para a obra que permite a captação do volume morto no reservatório do Descoberto fracassou. O processo foi aberto na segunda-feira (8/1) e duas empresas se interessaram, porém uma não apresentou as documentações técnicas necessárias e a outra queria um valor superior ao definido pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

A empresa pública previa gastar até R$ 494,5 mil, mas a primeira classificada na licitação pediu R$ 500 mil e não quis chegar a um acordo, nesta quarta-feira (10/1), para construir uma tubulação especial e realizar testes no local responsável por abastecer 60% da população do DF. A intervenção é necessária porque a captação convencional não alcança o nível mais baixo de água.

O resultado do processo deve ser publicado na edição de sexta-feira (12/1) do Diário Oficial do DF. A Caesb informou que irá tomar providências para a preparação de um novo pregão.

A previsão da Companhia era concluir o serviço em maio de 2018, mas o aproveitamento da quantidade ocorrerá “se vier a ser necessário”.

A medida, porém, não é vista com bons olhos pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Distrito Federal (Sindágua-DF), segundo o diretor Igor Pontes Aguiar.

Em entrevista ao Metrópoles, ele lembrou que o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Saúde de São Paulo relacionou o aumento de casos de diarreia no estado, em 2014, ao abastecimento com a água coletada das partes mais profundas das bacias, onde fica o volume morto.

Aguiar ressalta que esse nível é mais profundo e, por isso, acumula sujeira, como matéria orgânica e metais pesados. “Diante de uma controvérsia, como a gente fala da saúde da população, o melhor é se programar e se preparar para esse patamar não ser usado de forma nenhuma”, sustenta.

A Caesb assegurou que “se preocupa sempre com a qualidade da água distribuída” e faz análises operacionais a cada hora, para correção de parâmetros. “Isso dá à companhia condições de oferecer à população uma água de ótima qualidade”, garantiu. A empresa, porém, não informou se já fez ou fará exames especiais com o volume morto.

Numa situação de emergência, porém, o patamar mais profundo do reservatório teria capacidade para garantir água para os brasilienses por apenas um mês, segundo o sindicalista.