Valor Econômico
30/04/2020

Por Paulo Brito

Embora datacenters tenham processado, em 2018, 550% mais dados do que em 2010, gastaram apenas 6% a mais de eletricidade

A busca por eficiência e economia de energia nos datacenters está sendo sido bem-sucedida. Um estudo da Northwestern University, de Chicago, publicado em fevereiro mostra que eles consomem 1% da produção global de eletricidade, metade do que se estimava até então. Embora eles tenham processado, em 2018, 550% mais dados do que em 2010, gastaram apenas 6% a mais de eletricidade.

A eficiência é um tema absolutamente crítico, alerta Adilson Lessio, head de ICT solutions & services da Tecnocomp, especializada em soluções de infraestrutura de TI. “Para os provedores de serviços de datacenter, a despesa com energia elétrica é um fator crítico para sua competitividade. E essa despesa tem relação direta com a eficiência da infraestrutura”, diz ele.

Lessio lembra que o custo total da energia consumida pelo datacenter está na base da precificação dos seus serviços. “A quantidade de variáveis envolvidas no problema é grande. Datacenters podem perder a competitividade se não controlarem essas variáveis ou se não reagirem rapidamente às suas oscilações”, observa.

Nos datacenters da Brascloud, que opera com uma unidade em Cascavel (PR), outra em São Paulo (SP) e com um terceiro em construção, todos os equipamentos adquiridos são de elevada eficiência, conta o CEO Felipe Rossi, o que resulta num consumo baixo. “Mas outros fatores também influem na economia. Entre eles o perfil do datacenter, o fornecedor dos equipamentos de TI e o sistema de refrigeração. O principal, porém, é o projeto, feito de forma que o fornecedor entregue equipamentos que atendem nossas cargas de trabalho para aplicações e sistemas. Outro ponto fundamental é que escolhemos um só fornecedor de hardware. Assim, temos um padrão e uma garantia de consumo equilibrado de energia”, explica.

Com relação à água, ela nem é mais um problema, porque está sendo utilizada cada vez menos nas soluções de climatização em datacenters modernos, diz Antonio Bob, vice-presidente da green4T. Nelson Loureiro Júnior, gerente do Departamento de Operações e Infraestrutura da Sabesp, concessionária dos serviços de saneamento de São Paulo, exemplifica com os datacenters da própria companhia, que “têm sistemas utilizando fluído refrigerante. Portanto não há consumo de água no sistema de refrigeração”. Em datacenters que ele chama de “baixa tecnologia” pode, sim, haver consumo excessivo de água e energia.

“Em energia elétrica o quadro é mais preocupante”, diz Bob, da green4T. Hoje, afirma, não há restrições para o consumo de energia elétrica pelos datacenters. “Mas os conselhos de administração, os CEOs, os líderes empresariais e os administradores públicos têm preocupação crescente com o tema. Isso, felizmente, tem levado os gestores de infraestrutura de TI a buscar soluções sempre mais eficientes do ponto de vista energético. Não somente para reduzir a conta de energia, como também atender à pressão de diferentes stakeholders que cobram posturas mais conscientes em relação à sustentabilidade do planeta.”

A economia desses insumos num datacenter é o resultado de um conjunto de fatores. Quando bem alinhados, “geram um resultado considerável e um datacenter mais sustentável”, diz Eduardo Vale, CTO da operadora de telecom Americanet. Além de equipamentos novos, que elevem o rendimento da energia, Vale acrescenta a necessidade da adoção de sistemas inteligentes de gerenciamento para todo o complexo e das melhores soluções em refrigeração. “Vale a pena escolher fornecedores que tenham responsabilidade ambiental e que disponham da solução mais apropriada para as necessidades da empresa.