R7
26/08/2020

Estudo mostra impactos das mudanças climáticas e do desenvolvimento econômico e demográfico na demanda por água potável

O estudo do Instituto Trata Brasil, intitulado “Demanda Futura por Água Tratada nas Cidades Brasileiras – 2019 a 2040”, divulgado nesta quarta-feira (26), mostra cenários do consumo de água no futuro frente a novas perspectivas demográficas e econômicas e as mudanças climáticas.

Com crescimento demográfico e econômico previsto para os próximos 20 anos, haverá um grande aumento na demanda pela água no Brasil. A estimativa é que o consumo possa atingir 14,299 bilhões de m³ em 2040, indicando um acréscimo de 2,837 bilhões de m³ em relação à demanda de 2017. Esse volume corresponde à soma do consumo de água de todos os municípios do Estado de São Paulo em 2017.

A pesquisa mostra que, se a demanda potencial por água for plenamente atendida em 2040, algo que não ocorreu em 2017, será necessário entregar nas cidades brasileiras 4,337 bilhões de m³ de água a mais do que foi entregue em 2017. O crescimento de demanda seria, portanto, de 43,5% em 23 anos, ou ainda, de 1,6% ao ano.

“Esse volume se aproxima da demanda efetiva dos estados de São Paulo e Minas Gerais em 2017. Também como forma de comparação, o volume do Sistema Cantareira, o maior sistema hídrico do Estado, possui capacidade total de 982 milhões de m3 (volume útil) segundo dados da Sabesp, sendo responsável pelo abastecimento de 9 milhões de habitantes. Significa que precisaríamos de 4,4 Sistemas Cantareira cheios a mais só para atender a água adicional em 2040”, afirma o Instituto Trata Brasil.

A proposta é que o estudo sirva para amparar planejamentos de longo prazo, seja de empresas ou do poder público, em especial na gestão de recursos ambientais. A metodologia completa está no site www.tratabrasil.org.br.

Saneamento básico

No contexto do estudo, segundo o Instituto Trata Brasil, está a infraestrutura que deve passar por reestruturações com da nova Lei do Saneamento. As alterações propostas devem transformar o setor com a chegada de novos investimentos públicos e privados, ao mesmo tempo em que se prevê uma grande expansão dos serviços de abastecimento de água potável, coleta e tratamento dos esgotos se aproximando da universalização desses serviços para a população brasileira.

Dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) apontam 35 milhões de pessoas sem abastecimento de água, mesmo na pandemia, mais de 100 milhões sem coleta de esgotos e apenas 46% do esgoto gerado sendo tratado. São jogadas diariamente o equivalente a mais de 5.710 piscinas olímpicas de esgotos na natureza.

Além disso, para o Brasil cumprir as metas com a ONU (Organização das Nações Unidas), deverá atender aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – ODS 6 – e levar água e esgotos a todos até 2030. O problema é que o país perde quase 40% da água potável por ineficiências na distribuição; vazamentos, roubos e fraudes, erros de medição que tiram mais de R$ 12 bilhões por ano do setor de saneamento, além de pressionar os recursos hídricos, tão escassos em crises hídricas constantes em regiões como Nordeste, Sudeste, e agora no Sul.