Ministro negou perda de direitos trabalhistas e criticou sindicatos

Daniel Carvalho – Folha de São Paulo

7.fev.2019 às 18h49

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira (7), que aguarda a saída do presidente Jair Bolsonaro do hospital para definir detalhes do regime de capitalização que deve ser adotado na reforma da Previdência que o governo vai enviar ao Congresso.

Segundo boletim médico divulgado nesta quinta, Bolsonaro voltou a ter febre e uma tomografia detectou pneumonia.

“Eles [senadores] receberão este texto, a Câmara receberá este texto e a imprensa receberá este texto assim que o presidente se recuperar. É um timing que precisamos respeitar. Quando ele voltar, tem que definir algumas variáveis importantes como tempo de transição, as idades, se este novo regime vem agora ou depois”, afirmou Guedes.

Após reunir-se com o presidente do Senado, Davi Alcoulmbre (DEM-AP), Guedes afirmou ser “perfeitamente possível consertar” o atual regime previdenciário —que ele considera “fiscalmente insustentável”— e criar as bases de um novo regime que será encaminhado ao Congresso.

O ministro da Economia negou que a reforma represente um retrocesso em relação a direitos trabalhistas e criticou os sindicatos, aos quais se referiu como “falsas lideranças que aprisionam o Brasil num sistema obsoleto”.

“Esta reforma que nós encaminhamos não está mexendo em direito trabalhista. Está olhando para o aspecto financeiro e abrindo a porta para que essas perspectivas futuras sejam trabalhadas [no Congresso]”, afirmou Guedes, cobrando paciência dos sindicalistas.

“A única certeza que os sindicatos podem ter é que a vida não vai ser como antigamente, onde os líderes sindicais têm uma vida muito boa às custas dos trabalhadores, que não têm emprego nem benefícios previdenciários corretos”, declarou, salientando que, atualmente, 46 milhões de brasileiros não contribuem com a Previdência.

“A Previdência não vai conseguir tomar conta deles se não fizermos a reforma.”

O ministro da Economia disse que à sua equipe cabe “simplesmente formular” as propostas.

“A decisão é de um presidente que foi eleito por quase 60 milhões de brasileiros e que vai dizer ‘olha, a versão que nós vamos encaminhar é a versão A e não a versão B'”, afirmou.

Assim como fez com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Guedes apresentou suas ideias de reforma ao presidente do Senado.

“Não vi a reforma. Ouvi as propostas do ministro Paulo Guedes em relação aos conceitos do que é reforma da Previdência. Tenho a convicção de que há hoje a sensibilidade de combater privilégios e atender os que mais precisam”, disse Alcolumbre, que esteve com o Guedes pela primeira vez.