Portal G1

13/07/2021

Por Clara Velasco

A despesa média com água e esgoto dos brasileiros é de R$ 68,20 por mês. Já os custos mensais com energia chegam a R$ 124,75 e, com telecomunicações, a R$ 117,31.

As famílias brasileiras gastam menos com serviços de saneamento básico do que com energia elétrica e serviços de telecomunicação. É o que aponta um estudo divulgado nesta terça-feira (13) pelo Instituto Trata Brasil, feito em parceria com a consultoria Ex Antes.

A despesa média com água e esgoto dos brasileiros é de R$ 68,20 por mês. Já os custos mensais com energia chegam a R$ 124,75 e, com telecomunicações, a R$ 117,31. Os dados foram extraídos da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE e são de 2018.

Além disso, os gastos das famílias brasileiras com saneamento básico oscilaram 1% em dez anos. Eles passaram de R$ 68,86 em 2008, em valores atualizados, para R$ 68,20 em 2018.

Entre os serviços de utilidade pública pesquisados, o saneamento básico foi o único que teve queda real de custos. As despesas de telecomunicações e de energia elétrica subiram 7,6% e 4,3%, respectivamente, e as de gás cresceram 0,6%.

Segundo o estudo, estes números apontam que, mesmo sendo uma infraestrutura elementar para qualquer família, os serviços de saneamento básico não apresentaram um peso excessivo às famílias brasileiras, ainda mais quando feita a comparação com os serviços de energia elétrica e de telecomunicações. “Essas outras infraestruturas, sim, apresentaram custos superiores às famílias ao longo do período estudado”, destaca o documento.

O estudo também comparou os custos das famílias com os serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgoto no Brasil com o de outros países latino-americanos. Em 2018, a despesa média com esses serviços no Brasil ficou 12,6% abaixo da realizada pelas famílias chilenas e 35% abaixo das mexicanas.

“Embora a maior parte das famílias brasileiras esteja passando por grandes desafios para manter suas contas em dia, o estudo mostrou que os custos das famílias com água potável e esgoto não estão entre os vilões”, diz Édison Carlos, presidente executivo do Trata Brasil.

Apesar disso, chama a atenção o fato de que mais da metade das famílias abaixo da linha de pobreza no Brasil, que são aquelas com a renda diária per capita de U$ 5,50, conforme conceitos do Banco Mundial, não tem acesso a serviços de água e de esgoto coletado.

Já entre as famílias que recebem serviços de saneamento e pagam por eles, as despesas são quase do mesmo valor que a das famílias que estão acima da linha de pobreza – R$ 53,92 contra R$ 69,49.

Além disso, outras 9,2 milhões de famílias brasileiras têm acesso aos serviços de água e de esgoto, mas não pagam, principalmente por conta da vulnerabilidade social em que vivem. Segundo o estudo, isso indica a necessidade de avançar com políticas de universalização ao sistema de saneamento, junto com políticas de tarifas sociais para grupos de extrema pobreza.

“É extremamente preocupante ver que os mais privados dos serviços são justamente as pessoas abaixo da linha da pobreza, fato que se repete ao longo dos anos. Até mesmo o atendimento irregular de água é muito mais comum nas casas dos mais pobres, o que também aumenta a vulnerabilidade pelo fato de aquela família não receber água encanada 24 horas por dia e 7 dias por semana”, diz Fernando Garcia, da Ex Ante.