Por Camila Maia – Valor Econômico

O Banco do Nordeste (BNB) tem o objetivo de liberar R$ 27 bilhões em crédito do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) neste ano, sendo que mais da metade do montante deve ser voltada para projetos de infraestrutura na região, segundo Romildo Rolim, presidente da instituição. O montante a ser liberado neste ano é consideravelmente maior que o de 2017, quando o BNB tinha o orçamento do FNE em cerca de R$ 16 bilhões.

Segundo Helton Chagas, superintendente de negócios de atacado e governo do BNB, a infraestrutura tem uma importância muito grande nos desembolsos do banco. “Isso acontece não só pela envergadura dos investimentos, mas também pelo volume, com esses recorrentes leilões que temos”, disse Chagas, lembrando das disputas que contrataram recentemente linhões de transmissão e projetos de geração eólica e solar na região.

A ideia do BNB é liberar, dos R$ 27 bilhões, cerca de R$ 13 bilhões para projetos de energia. “Dependendo do volume de operações poderemos ter mais que isso”, disse Chagas em evento voltado para financiamento de projetos de transmissão e geração de energia. “O montante não é fixo, se houver demanda maior podemos pleitear, só precisamos de justificativas”, afirmou Rolim.

Para garantir a atratividade de suas linhas de financiamento, o BNB lembra as mudanças realizadas nas taxas cobradas a partir deste ano, com o aumento do limite de financiamento dos projetos de infraestrutura de 60% a até 80% do custo. O limite de crédito por grupo econômico é de R$ 1,6 bilhão.

Outra novidade que o BNB apresentou é a cobrança de taxas diferenciadas também para projetos de água, saneamento e logística. “Vamos trazer mais infraestrutura para a região Nordeste”, disse Chagas, lembrando que, apenas no ano passado, foram licitadas concessões de aeroportos em Salvador e Fortaleza. “Esperamos participar dessas operações, porque temos linhas para isso.”

“A nossa metodologia de cálculo das taxas garante que sejam competitivas em relação a outras no mercado nacional. São no mínimo 40% menores que as utilizadas nacionalmente”, afirmou Rolim.

O BNB poderá aceitar recebíveis de contratos de geração de energia no mercado regulado como garantia no lugar de fiança bancária, segundo Chagas. “Se uma empresa tiver ativos operacionais e com recebíveis no mercado regulado, e quiser vincular eles como garantia, podemos negociar”, explicou. Chagas afirmou que muitos empreendedores já utilizam recebíveis como garantia para empréstimos do BNB. “Mas se for uma empresa sem recebíveis no grupo, aí precisa de fiança bancária.”

A preferência por recebíveis de contratos de geração de energia no mercado regulado se justifica pela alta liquidez que eles têm no mercado, segundo Chagas.

“Os recebíveis do mercado livre não tem [liquidez], mas aí usamos outras garantias. Se eu usasse apenas o recebível da venda de energia para um cliente, eu tomaria o risco desse cliente. Precisamos de outras garantias também”, explicou o superintendente do banco.

Em projetos de microgeração de energia, que a instituição financeira pode financiar até 100%, também podem ser necessárias garantias do tomador de crédito. Chagas lembrou de alguns projetos que envolvem investimentos de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões. “Precisamos negociar garantias para dar tranquilidade à operação”, disse.