Consumo racional

Hidrômetros individuais evitam o desperdício de água e tornam as contas mais justas para os condôminos. Veja as suas vantagens e o que é preciso para instalá-los. 

No lugar onde você mora a conta de água vem separada, só com os gastos do seu apartamento, ou é única, rateada entre todos os moradores? Nada mais justo que cada morador pague aquilo que consumiu no mês, não é mesmo?

Em 2016, o então presidente Michel Temer sancionou a Lei nº 13.312/2016, que torna obrigatória a medição individualizada do consumo hídrico nas novas edificações condominiais. A lei entrará em vigor em julho de 2021. Alguns municípios já aderiram à regra, como é o caso de Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Novo Hamburgo (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Distrito Federal (DF).

Atualmente, muitos prédios, especialmente os mais antigos, contam com apenas um hidrômetro, coletivo, sendo o custo rateado de forma igualitária entre os moradores, independentemente do consumo de cada unidade. Com a individualização dos consumos, a cobrança se torna mais justa para o usuário, porque cada um fica responsável por pagar apenas pela quantidade de água que consumiu dentro de sua própria unidade habitacional.

Para a instalação do equipamento individual, é necessário haver um consenso entre os moradores, já que não dá para individualizar apenas em alguns apartamentos. A partir daí, é necessário que um técnico avalie as instalações hidráulicas para realizar a mudança.

A individualização da cobrança pode ser feita por meio analógico ou digital. No analógico, a instalação é realizada na área comum do prédio. A concessionária é a responsável por instalar, fazer a leitura do consumo e enviar a conta para cada morador. Já o digital é disponibilizado por telemetria. Os dados de consumo são enviados em tempo real para a empresa, que monitora o consumo durante todo o mês, sem a intervenção de um leiturista ou de terceiros. A conta é emitida pela mesma empresa responsável pela telemetria, que recebe os telecomandos para o envio de uma fatura justa.

Em entrevista para o site Síndico Net, o advogado especialista em condomínios Rodrigo Karpat diz que o quórum necessário para a individualização da água em todo o prédio deve ser de 50% mais um, ou seja, se há 100 moradores, 51 devem concordar com a mudança. Segundo Karpat, é importante que o síndico tenha atenção e busque diferentes orçamentos para a troca. Além disso, mesmo que um morador não pague a conta, ele não poderá sofrer cortes no recebimento de água.

Segundo informações do site do Jornal de Brasília, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal iniciou, no ano passado, a implementação de dois projetos de telemetria do consumo de água, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).  

Um deles começou a funcionar no ano passado, em uma quadra do Jardins Mangueiral, em São Sebastião (Região Administrativa do Distrito Federal), com cerca de 500 ligações de água. O sistema serviu como modelo para a individualização da medição de consumo em condomínios horizontais. No mês de setembro de 2019, os moradores receberam a primeira conta, por e-mail, com a leitura individual do consumo realizada por telemetria.

Com a tecnologia, a verificação do consumo é feita quatro vezes ao dia e a transmissão dos dados aos servidores de dados da Caesb é realizada pela rede de telefonia celular. Além disso, as informações são disponibilizadas aos clientes, para que possam acompanhar, diariamente, seu consumo. Com isso, o morador pode controlar o uso excessivo de água e tomar conhecimento de vazamentos na tubulação domiciliar.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) também implantou o uso da tecnologia Internet das Coisas (IoT) para medir o consumo hídrico de seus clientes. Depois de testes bem-sucedidos realizados no ano passado, a companhia deu início à instalação de 100 mil hidrômetros inteligentes nos maiores clientes da Grande São Paulo, que passaram a ter seus consumos de água medidos todos os dias de maneira remota.

Assim como muitos dos objetos que utilizamos no nosso dia a dia, os hidrômetros têm prazo de validade. Segundo a Sabesp, a troca dos aparelhos é um procedimento necessário e pode ocorrer por diversos fatores, como o atingimento do limite do seu volume ou a ocorrência de uma falha no seu funcionamento. Esses problemas podem ser detectados pelo técnico que realiza a leitura do hidrômetro ou pelo próprio consumidor, que tem a possibilidade de solicitar a troca do equipamento por meio dos canais de atendimento da concessionária. Para o site Debate News, a Sabesp informou que a troca de hidrômetros ocorre a cada oito anos.

Passo a passo

De acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, para instalar o hidrômetro, é necessário que os condomínios entrem em contato com a companhia de distribuição dos seus estados. Após o atendimento, as empresas com tecnologia e equipamento homologado entram em contato com o condomínio para que seja feito o orçamento. É preciso certificar que o medidor seja adquirido de um fabricante qualificado pela concessionária e que o produto tenha sido inspecionado e esteja de acordo com as exigências dos selos de procedência e segurança.

O custo do sistema individualizado varia de acordo com a cidade e a infraestrutura do condomínio. No caso dos novos modelos, o valor médio, incluindo o aparelho e a instalação, é de R$ 350 a R$ 700 por unidade. Já os prédios antigos precisam gastar bem mais, devido à necessidade de um projeto hidráulico, variando o preço do investimento de acordo com a localização.

Box

Os hidrômetros individuais oferecem uma série de vantagens:

  • Incentiva a economia de água – o morador começa a policiar o seu consumo arbitrário de água, uma vez que pagará por tudo o que consumir;
  • Combate a inadimplência – é possível que o condômino que não pagar sua conta tenha o fornecimento de água cortado, dependendo do que estiver previsto na sua convenção.
  • Facilita a identificação de vazamentos – a individualização da conta deixa mais claro quando há um consumo exacerbado em uma unidade específica, indicando problemas como vazamentos. O meio ambiente agradece.

Fontes:

http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=732

https://jornaldebrasilia.com.br/cidades/caesb-implanta-nova-maneira-de-medir-consumo-de-agua-com-internet-das-coisas/

https://www.debatenews.com.br/2019/01/26/para-sabesp-novos-hidrometros-apontam-para-um-consumo-real/

https://www.sindiconet.com.br/informese/como-e-feita-a-individualizacao-de-agua-em-condominios-gestao-ambiental-individualizacao-de-hidrometros

http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=39

 

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