Por Rafael Bitencourt e Ana Krüger – Valor Econômico

06/05/2019 – 05:00

O Paraná negocia com bancos a captação de R$ 8 bilhões para financiar projetos de saneamento básico nos próximos quatro anos. A maior parte dos recursos virá da Caixa. A melhoria e ampliação da rede de água e esgoto será feita pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Ao Valor, o governador Carlos Roberto Massa Júnior (PSD), o Ratinho Jr, afirma que a expansão da rede de água e esgoto ajudará a impulsionar o setor de infraestrutura no Estado.

O investimento bilionário chega em momento oportuno com a discussão no Congresso do novo marco legal do setor. A Medida Provisória 868/18, editada por Michel Temer, lança incertezas sobre o futuro das poucas companhias estaduais consideradas superavitárias, a exemplo da própria Sanepar e da Sabesp (SP).

Ratinho Jr. diz que a estatal “anda sozinha” e não há interesse em privatizá-la. A ameaça contida no marco legal envolve o novo modelo de contratação dos serviços por municípios, podendo retirar áreas de atendimento das atuais companhias. O Paraná tem um dos melhores índices de coleta de esgoto do país, de 72,5%, em contraste com os 42% da média nacional.

Em transportes, Ratinho Jr. quer tornar o Estado o principal hub logístico da América do Sul. A ideia é aproveitar o ganho de movimentação de cargas puxado pelo aumento da produção rural e pela localização favorável, na fronteira com Argentina e o Paraguai. “Nossa matriz econômica é o agronegócio, que dobra de tamanho a cada dez anos”.

No modal ferroviário, o governo Paraná quer tirar do papel o “Corredor Bioceânico”. A ferrovia interligaria vias de transporte do Brasil ao Oceano Pacífico. Para viabilizar a saída pelo Pacífico, o governador diz ser necessária a instalação de trecho de 600 quilômetros no Paraguai e de 143 quilômetros no Paraná. A construção do trecho em solo paranaense é orçada em R$ 1,5 bilhão. Trata-se da ampliação da Ferroeste, entre Foz do Iguaçu e Cascavel. O objetivo é concluir a ligação até o fim de 2022.

Segundo Ratinho Jr, o novo traçado oferece uma rota mais curta e contaria com maior demanda por carga em relação aos projetos concorrentes – somadas as produções das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. “Temos volume para fazer essa linha ser autossuficiente. Se considerar apenas o nosso Estado, das dez maiores cooperativas da América Latina, seis estão no Paraná”, afirmou. A China consome 44% da produção exportada pelo Estado e têm “grande interesse” em financiar projetos de ferrovia e portos, cita. O governador aposta alto na interligação ferroviária entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Para ele o “Corredor bioceânico” poderá ser o “novo Canal do Panamá” para o continente.

No plano de destacar o Paraná no setor de transporte está a meta de tornar nos próximos meses o Porto de Paranaguá líder na movimentação de contêiners, ultrapassando o Porto de Santos (SP). O status será conquistado, diz o governador, com as obras de ampliação do pátio, que custaram R$ 600 milhões e devem ser concluídas em 90 dias.

No modal rodoviário, a promessa é transferir cerca de 3,6 mil quilômetros de estradas para a União e conceder à iniciativa privada – 2,4 mil quilômetros já estão nas mãos das empresas privadas. Para Ratinho Jr, a privatização dá velocidade na modernização, manutenção e construção das rodovias. O governo não precisará se mexer para atrair novos investimentos para os aeroportos. Quatro dos seus principais terminais de passageiros (Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Bacacheri) entraram na 6ª rodada de concessão do governo federal, prevista para 2020.